sábado, 20 de julho de 2013
Você me trará?
Será que se eu lhe pedir,
Você me trará aquilo que mais desejo?
Nada complicado, nada caro, embora,
Na escala dos desejos, seja o mais estranho,
O menos encontrado.
Será que se eu lhe mostrar,
Você reconhecerá e, a partir desse momento,
Será teu desejo igualmente forte e fugaz,
Permitido e herético, pura heresia
Daqueles corações perversos que o negaram,
Mas que lhe peço: não negues mais!?
O que lhe peço mão alguma pode dar,
Força alguma pode encontrar,
Senão a da alma, se é que possuis uma,
E sei que sim, acaso caminharias ao acaso,
Ou talvez estejamos todos nós jogados
Nesse ocaso de nossas formas etéreas;
Ao benefício do acaso cruel e amargo dos
Desejos realizados, aqueles não desejáveis,
Aqueles insaciáveis, dos corações que aprendemos
A chamar de irmãos; a chamar... nunca mais?
Não! Há beleza e sentimento,
Eu os quero aqui, comigo!
Cúmplices dos sonhos, aprendizes da realidade,
Sejamos nós agora, desse doce momento
Até a eternidade, que a gratidão
Nos preencha boca e rostos e logo
Essa seja a face do mundo,
Pois não há beleza maior que ser grato
Por um Bem que nos há sido feito,
Não há maior alegria que, sem questionamentos,
Sermos presenteados com a gratidão de alma e coração,
Através dos atos de Bem, continuados a partir daquele primeiro gesto,
Daquela primeira palavra,
Em circuito, em longo circuito através do mundo,
Iluminando os espíritos e sorrisos,
Sendo, eternamente sendo, estando, vivendo...
Se eu lhe pedisse, será que você me traria?
Uma corrente... Talvez de ouro, talvez
De prata, mas não para se usar no pescoço,
E sim ao redor de todo o mundo.
Se eu lhe pedisse essa jóia... Será que você me traria?
Patricky Field
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Beira do caminho
Sentei-me à beira do caminho,
Olhei nas direções Norte e Sul,
Senti o quanto havia caminhado,
Não sabia de onde havia vindo ou por onde
Conduzir meus passos de agora e de então.
Sim, os de ontem ainda estão vivos,
Os passos ativos me conduzem em direções erradas,
Se só no pensamento penso em seguir à frente,
No coração sinto como se voltasse ou estagnasse,
E nada daquilo tudo o que vivi realmente em mim ficasse.
Acabo de ver meus sonhos correndo porta afora,
Andando como se nada os pudesse deter,
Como se a mim não pertencessem,
Talvez não pertençam realmente...
Mas se parecem tanto comigo...
Sou seu deus, são meus demônios,
Afogados num mar de risos contemporâneos
Envoltos numa bruma fria de “depois”, “agora não”,
Sempre “depois”, sempre “perdão”,
“Como vai” apenas, e mais um, mais um sonho que parte sem
dizer razão.
E na música a escala, como na oração,
Mi, dó, ré, e quantas mais,
Ut queant laxis,
Ressonare Fibris, Mira gestoru,Para que possam ressoar as maravilhas!
Numa escala próxima à divina,
Criando verdades parecidas com aquelas de nossa primeira
vida.
Não me permita estagnar,
Se não puder correr como o rio
Que seja então uma onda daquele imenso mar,
De soltas notas de desejos primeiros,
De quando na estrada nos pusemos a caminhar.
Hoje vi meus sonhos caminhando para longe
Percebi que são só sonhos, nem os chamei de volta,
Pus um pé na realidade, outro também, deixei pegadas,
Talvez recobre um pouco da magia se ouvir o som das notas,
Do caminho por aonde vim, da orquestra de minhas botas.
terça-feira, 2 de julho de 2013
blogfield: Olhos de criança
blogfield: Olhos de criança
Todas essas linhas em minha face... Os anos passam, poderiam ser essas linhas as únicas mudanças, as únicas marcas que acontecem na vida?
Eu vi uma criança hoje, passando logo abaixo da minha rua, ela olhou para mim, detrás de tais olhos abertos, olhos que poderiam dizer sobre o azul do céu, a vida escondida debaixo das pequenas pedras, sobre a luz, sobre as ondas do ar, sobre o verde das árvores, sobre os carrosséis e os movimentos da água em um riacho, sobre todos os "comos" e " por quês ". Olhos curiosos e luminosos, entretanto ela estivesse em uma pressa devido sua mãe, que a levava pela mão; e eu não pude ver os olhos da mulher. Os olhos da mãe não me encararam, ela caminhou rapidamente, como tantas pessoas fazem ela fitava algum ponto desconhecido, como tantas pessoas fazem, talvez fitasse os próprios pensamentos; talvez a própria vida. Tantas linhas na face dela também, tantas histórias para contar; talvez não. Eu não pude ver.
Talvez aquela criança jovem se perdesse se a mãe dela não a estivesse segurando pela mão, ao longo da congestionada e movimentada rua, ao longo daquele caminho. Mas talvez uma outra mão a guiar a mãe também não fosse útil? Os olhos dela, não contemplando parte alguma, enquanto ela caminhava… Perdida? Boa pergunta... Quem estaria mais perdida? Sem uma mão a guiar, qual das duas estaria mais perdida em menos tempo?
A criança jovem olhava para todos os lugares, detrás de seus olhos luminosos. Ela nunca se perderia, contanto que ela tivesse aquela mão para lhe guiar. Mas aquela orientação não a preveniria de outra espécie de perda, talvez a mais terrível e eterna de todas: A perda daquele interesse pela vida; não pela própria e concreta vida, mas por aquele mundo ingênuo e bonito que vive nos olhos luminosos que aquela criança podia ver tão claramente e vívido ao redor dela. Ela não estava perdida naquele momento, mas talvez ela estivesse um dia. A mãe dela não soltou da mão ao longo daquele caminho inteiro, mas a face da pequena menina não tinha ainda linhas cujas histórias ainda seriam vividas. E através dessas linhas ela terá que caminhar sem qualquer mão a lhe guiar, e talvez ela haja de se perder algum dia; mas a mãe dela não pôde ver isso, e a criança jovem também não estava atenta a isso naquele momento. Assim, ainda havia aquela luz na visão daquela criança, que mostrou um quadro vívido do mundo visto através dos olhos de uma criança.
Todas essas linhas em minha face... Os anos passam, poderiam ser essas linhas as únicas mudanças, as únicas marcas que acontecem na vida?
Eu vi uma criança hoje, passando logo abaixo da minha rua, ela olhou para mim, detrás de tais olhos abertos, olhos que poderiam dizer sobre o azul do céu, a vida escondida debaixo das pequenas pedras, sobre a luz, sobre as ondas do ar, sobre o verde das árvores, sobre os carrosséis e os movimentos da água em um riacho, sobre todos os "comos" e " por quês ". Olhos curiosos e luminosos, entretanto ela estivesse em uma pressa devido sua mãe, que a levava pela mão; e eu não pude ver os olhos da mulher. Os olhos da mãe não me encararam, ela caminhou rapidamente, como tantas pessoas fazem ela fitava algum ponto desconhecido, como tantas pessoas fazem, talvez fitasse os próprios pensamentos; talvez a própria vida. Tantas linhas na face dela também, tantas histórias para contar; talvez não. Eu não pude ver.
Talvez aquela criança jovem se perdesse se a mãe dela não a estivesse segurando pela mão, ao longo da congestionada e movimentada rua, ao longo daquele caminho. Mas talvez uma outra mão a guiar a mãe também não fosse útil? Os olhos dela, não contemplando parte alguma, enquanto ela caminhava… Perdida? Boa pergunta... Quem estaria mais perdida? Sem uma mão a guiar, qual das duas estaria mais perdida em menos tempo?
A criança jovem olhava para todos os lugares, detrás de seus olhos luminosos. Ela nunca se perderia, contanto que ela tivesse aquela mão para lhe guiar. Mas aquela orientação não a preveniria de outra espécie de perda, talvez a mais terrível e eterna de todas: A perda daquele interesse pela vida; não pela própria e concreta vida, mas por aquele mundo ingênuo e bonito que vive nos olhos luminosos que aquela criança podia ver tão claramente e vívido ao redor dela. Ela não estava perdida naquele momento, mas talvez ela estivesse um dia. A mãe dela não soltou da mão ao longo daquele caminho inteiro, mas a face da pequena menina não tinha ainda linhas cujas histórias ainda seriam vividas. E através dessas linhas ela terá que caminhar sem qualquer mão a lhe guiar, e talvez ela haja de se perder algum dia; mas a mãe dela não pôde ver isso, e a criança jovem também não estava atenta a isso naquele momento. Assim, ainda havia aquela luz na visão daquela criança, que mostrou um quadro vívido do mundo visto através dos olhos de uma criança.
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