domingo, 16 de junho de 2013

Vento de Inverno

























Aqui hoje há vento, soprando de encontro a mim,

Que assisto, à janela, sua força e presença,

Queria ter sido assim tão forte, imensa,

Capaz de abraçar o mundo, tocar moinhos, ser eu e tudo,

Num grande encontro,

Peso e leveza, ar e grandeza,

Mas junto de tudo aquilo que me faz viva,

Que faz sentir o hoje como única alternativa,

Para sorrir e viver.


 

E agora aqui, logo mais, será noite de inverno,

E quem se coloca a sorrir quando o dia se vai?

Pudessem contar-me todas as estórias de Amor,

‘inda mais agora, com as estrelas brilhantes desse céu,

Ainda assim seria triste despir-se do véu,

Que as estórias viram histórias, que viram história,

Que vira pálida memória,

Hoje não quero mais seguir com o vento,

Peço alento aos mais doces e distintos destinos,

Que tracem aqui comigo,

Seu caminho afinal.



Desejaria que eu pudesse carregar seu sorriso,

Aqui, em meu coração,

Nos momentos mais solitários, nas horas de alegria,

Para que conhecesse todos os meus lados,

E todas as estruturas,

E minhas inquietações

Fossem todas as suas,

E fossem todas dissolvidas,

Não haveria mais dúvida,

Exceto aquela eterna ferida,

Que cicatriza, mas avisa:

Nunca mais, andarilho, nunca mais.



Agora, que o vento deixou de soprar,

Ouço a canção das folhas que ainda caminham,

Essas sim, sem destino,

Talvez a próxima calçada,

Talvez uma longa caminhada,

Sopradas ao acaso,

Não quero ser suas aliadas,

Quero estar aqui, sentindo teu coração, pulsando vida,

Volvendo à casa que deixamos, invadida,

Por aquele vento forte, que me traz ainda à memória,

Um tempo que viria, após esse inverno de agora.

 

Patricky Field