quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Fundo do poço






Hoje fui ao fundo do poço,
das emoções humanas,
poço fundo, escuro e frio, assustador de diversas maneiras,
fui lá, bem no fundo,
porque estava com sede,
sede de anos, sede de séculos de uma extenuante caminhada pelos deserto,
sede incontrolável,
de romper barreiras, desmantelar barragens, porém não encontrei água,
não encontrei nada,
só a longitude de antes
e a latitude errada.

Fui uma coordenada por tempo demais,
agora, desconecto desse sistema, desse volume morto de sentimentos,
bagunço tudo e jogo ao vento,
para que a poeira seja o paraquedas desses minúsculos movimentos,
espargidos, aspergidos e suspensos,
como em rota de colisão, de desejo e criação,
um "boom" sônico talvez,
um cataclismo reacionário,
um cataclismo catártico acionado pelas bombas hidráulicas de minhas lágrimas,
que não foram colhidas, abrigadas, entendidas, e por isso
então colidiram com a força de mil megatons contra essa barreira represante
esse poço seco que chamo "você", você que é o fundo mais profundo,
mas que jamais conterá o líquido mais precioso,
que é minha alma.

Corri para o mar,
matei minha sede, sem medo do sal,
coordenadas levem ao seu poço cartesiano, se esse é seu plano,
o fundo é seco, e todos o buscam,
acreditando ser o manancial eterno e de lá não saem.
As coordenadas não apontam outra entrada, e zás! Outra alma foi drenada!