domingo, 30 de setembro de 2012

Em mãos erradas




Sabe, quando todas as canções já foram cantadas,

E todos os poemas já foram escritos,

E todas as leis foram redigidas,

E até mesmo o ar já foi respirado?

É assim mesmo que me sinto.


E, quando as flores de outono são as mesmas pelos campos,

E a mente se liberta, mas segue em curvas,

tropeçando,

Quando as cartas envelhecem, mofam, crestam, desaparecem;

Mas as palavras já haviam abandonado há longa data o peito,

A mente, as forças e a memória?

É o modo exato que me sinto.


Aquele dia que se pôs sem sol,

Aquela manhã que se ergue brilhante,

Tudo tão igual a tudo o que já se viu dantes,

E a dor que fica ali, presente, latejante,

Até ela é a mesma que lateja como antes;

O mundo passa, a gente fica,

Ou será mesmo o contrário, a gente passa, e o mundo

Fica.


Olhando agora, mais de perto,

Até mesmo o HD está cheio, e vazio ao mesmo tempo,

Novas pastas com nomes estranhos, nomes próprios, nomes feios;

Tudo se acumula; nada é visível,

Apenas o medo de perdê-lo...

Perder o quê mesmo? Se nem ao menos sei o que é esse sensor

Que tenho aqui, dentro do meu peito?


O cão ladra, sempre igual;

Até o dia em que morre, ou rompe a cerca, e foge,

E dos ruídos, nem sinal;

E uma fuga através da rua, ou através-além da vida,

São segundos, são minutos, são horas, mas finitas.


Sabe, quando a piada é aquela da qual já se deu risada?

Ou a janela tem tantos vidros, mas parece ainda tão estilhaçada?

Sabe, quando os outros já viraram realmente outros,

E os de perto fugiram para se bandearem e se juntarem àquele mesmo coro?


Sabe quando a roda gira e ainda assim parece enguiçada?

Sabe quando “aquilo” realmente caiu em mãos erradas?


Pois bem. É assim que eu sinto o mundo.

Exatamente assim. E mais nada.

Patricky Field












Into the wrong hands

Do you know, when all the songs have already been sung,
And all the poems have already been written,
And all the laws have been created,
And even the air has been already breathed?
That’s the way I feel these days.

And, when the autumn flowers are the same in the fields,
And the mind is set free, but it follows a stumbling twisted way,
When the letters get old, grow moldy, burnt, vanished;
But those words had already left long ago,
Left chest, mind, the strength and the memory?
That’s quite a lot of how I feel.

That day that finished without a sun,
That morning that’s rising so bright,
Everything so alike everything else that you’ve seen before,
And that pain that’s there, near, beating,
It is the same old pain that has been beaten before.
The world passes, and we stay,
Or is it the reverse, we pass, and the world stays?

Looking now, closer,
Even the HD seems to be full, and empty at same time,
New folders with strange names, people names, harsh names,
Everything gets in loads and loads,
But nothing is visible,
Only the fear of losing it....
But losing what? If not even I know what is this sensor that I have here, inside of my chest?

The dog barks, always the same way,
Til the day it dies, or breaks thru the fence, and runs,
And from the noisy barks, not even a sign,
And a runaway across the street, or across the “beyond”,
It takes seconds, minutes, hours, but it’s always a finite moment.

Do you know, when the joke is the one you’ve laughed at before,
Or the window has so many glasses, but even so it seems so broke into small pieces?
Do you know, when the others have really turned into other ones,
And those ones who were so close have run to get together that same choir of the other ones?

Do you know when the wheel spins, and even so it seems to be so deadly stuck?
Do you know when “that thing” has really fallen into the wrong hands?

Well. That’s the way that I feel the world.
Exactly that… And nothing else.


domingo, 16 de setembro de 2012

Lemniscata




Despertar

Patricky Field  

Acordo, e penso naquilo que tanto me fez sofrer,
Outrora foi sonho, o que o presente fez parecer real,
Agora que vejo o dia calmo, que começa a nascer,
Percebo além do tempo a verdadeira essência, do Bem e do Mal.

Não fui eu, não foi por mim;
Tudo ilusão, de um tempo que é, que foi e que sempre será,
Nunca existiram dias assim tão ruins,
Jamais haverá felicidade alguma que não a que aqui já é e está.

Eu pertenço ao eterno momento do silêncio,
Preciso segundo de um toque fugaz,
Ao menos tenho a nobreza do sentimento
Que, apesar de tudo, de tudo será capaz.

De me defender, de criar, de dar e ouvir,
De tudo um pouco, construindo o sonho,
O sonho daquele dia que nunca há de vir,
Da noite que termina com o sol, brilhando a ouro.

Aqui termina e aqui começa; uma roda em minha mão;
Tesouro e indiferença nessa lemniscata viva;
Tanto amor não poderia nunca ter sido em vão,
Nem mesmo a dor, que aproxima e reaviva.

Perdoe-me os desencontros, não foram culpa minha;
Te perdoo tudo aquilo que antes eu não sabia,
E enfim, ao acordar, não teremos mais certezas,
Apenas a de que a roda há cessado e nos retirado toda e qualquer tristeza.

domingo, 9 de setembro de 2012

Fidelidade de tua alma


Onde está teu ser, oh beleza imaculada?
Minha vida é guiada pela Luz de tua alma;
por quantos caminhos viajei; meus, teus, centenas de chegadas;
mas em todas elas o retorno sem respostas, apenas eu e um imenso eterno nada.

Ora aqui, ora distante;
Por que partir se somos apenas esse instante?
Por que não ver que, o fogo que aponta no horizonte,
é somente o brilho que nos olhos trazemos forte e incessante?

O destino dá, o destino toma,
não podemos simplesmente ser ao invés de ter?
Ser coragem, ser Amor, ser da vida o eterno Dom;
inamovíveis, porém mutáveis, capazes de tudo o que nunca ousamos até então.

Como refrear os passos quando se acaba de aprender a andar?
Na busca pelo ar, como deixar de respirar?
Em cada canto o ser grita por uma liberdade
que vem apenas quando a última palavra se calar pela verdade.

O mundo não é mal, é apenas ilusão;
como pode produzir sonhos tão reais, de tão alta definição?
Como se um fino cristal pudesse esconder o seu interior
o Universo tenta preservar seus segredos de todo e qualquer invasor.

E a invasão de sentimentos se assoma, de tal forma que assusta;
e o medo produz muros e paredes que oprimem,
caminhos que nos levam para mais distante do que fomos ontem,
perdendo-se estórias e verdades; não havendo quem as contem.

Sou a dor de uma jornada que procura ser estrada,
iluminada pela Luz de sua alma, imaculada;
haverá um destino fiel nesse meio chamado vida?
Será eterna essa busca que iniciei; alma querida?


                                                                        Patricky Field







 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Vinha de poesia

(...) Queria brincar contigo por sobre os relvados,
ser feliz como a todos que, pelo amor, seriam
também tocados;
agora esqueço os pesares que me andam rondando,
seguro nas pontas de seus dedos que me aceitam e conduzem por portões iluminados das estrelas de
um céu, mar de almas corsárias que
desafiam cartas e astrolábios e navegam
somente com a confiança em seus corações,
e com a tranquilidade de terem um porto
para onde voltar quando as vagas cessarem e as
marés tocarem os barcos de volta ao lar.

Seria e é assim quando em ti deito meus pensamentos,
seria e é assim cada lembrança,
sereno, terno momento...
E se o hoje nos quer mal e o mundo não conhece esse teu segredo,
viverei pela verdade de seus olhos, sem angústia e nem medo.

Porque é assim quando de ti me lembro,
porque a música toca bonita e clara
como os sons da alvorada; e os espelhos
refletem o sorriso seu que tanto me acalma,
que é tão parecido com minha própria alma.

A poesia é sombra rápida de um sol que
ilumina a árvore da vida, e o amor
são os destinos traçados pelo dom de viver,
por aquela decisão de ser, ao invés de não ser.
Só que morre de castigos antigos,
de tragédias ocultas, a poesia é sombra
de minha vinha e o que eu não cuidar
fenesce, sem que outros a venham cultivar.

Por isso o sol de teu sorriso a mim venha
acalentar, não mais somente a chuva das
tardes eternas e das manhãs escuras.
Minha alma ecoa sons sem vozes que
em ti cabem, como música ao longe,
como o significado da vida, que não
é a utopia do amanhã, nem a fugacidade
do ontem. Em teu sorriso minha alma
habita. Em tua paz eu reconheço a origem
de minha vida.

domingo, 2 de setembro de 2012

Words... the strongest weapon



"The word is the strongest weapon I carry with me. If the fate is unharmed through the walls of the dawn, where are the warriors with their swords of love, waiting for the evening that always comes accompanied by old trunks full of remarkable stories of struggles waged during the day?"  books by Allan Kardek