Quando nascemos, compreendemos
uma porção de coisas e elementos que a mente humana consegue captar. Digo
humana, pois que da alma nada se conhece além dos mitos e dos fatos que de
outros ouvimos, assimilamos; nada de concreto.
O tempo não pára, não nos deixa
respirar... qual será seu plano, nos mantendo sempre em pressa, sempre em
movimento?
Nada de intervalos, nenhuma vaga
de calmaria nesse turbulento profundo mar da vida. A existência passa, cuidado!
Se já não foi, ela te atropela. Qual é essa praia em que nunca a onda quebra?
Questões, hein? E aquela velha
compreensão de origem materna?
Nascemos para um plano, uma vida
completa, nada de desvios, nem um ponto de interrogação em alguma frase do
livro da vida.
Questões? É mais fácil pensar na
má sorte que, de fora, nos atinge como um raio. Aí estão as respostas. Somos
mal afortunados, pobres vítimas da incúria que, de um lado nos cumula de maus
tratos.
A quem se ama, um pouquinho de
cuidado... O que é o amor?
Já toquei uma vez o amor, ele é
fofo, quente, vermelho... Ahn? Ah!, só um momento; essa era uma almofada velha
que eu abraçava vez ou outra, me enganei.
O amor?... Bem... Sabe, eu não
tenho uma foto ou pintura, nem palavras que, unidas, descreveriam o amor.
Qualquer sentimento é um algo
assim, digamos, difícil de se encontrar debaixo do nariz, à mão, como estamos
todos nós e todas as coisas que constituem o nosso mundo real.
Realidade. Eis o ponto. Bem e
Mal. Sabe você que espécie de antítese seria essa? O “Bem” e o “Mal”... Fácil
identificar, é lógico.
Bem é tudo o que há de Bom. Mal
é tudo o que há de Mau, de ruim. Isso. Está bem explicado, não é? Não
é?.... Será?...
Ih!, pára de perguntar, isso é
tudo o que há para se dizer sobre o Bem e o Mal.
É. Basta um segundo de dúvida e
o castelo da certeza em simples definições se desfaz. Bem, era esse o plano do
tempo, a principio.
“ Não vos deixarei um minuto
para pensardes, ou então me venceríeis.”
É, tempo, Sr. Insanidade
Temporária, o senhor está vencendo mesmo. Olhe à tua volta. Ocupados, todos, a
vida é cada dia um precioso obstáculo a ser superado. Não contamos muito com a
ajuda de todos os outros, não é mesmo? Não há tempo, não há entendimento, pois
não há tempo.
Espelhos, temos muitos. Quem não
se mirou num 7X8, num 60X100cm? Vemos sim, somos legais, às vezes nem tanto,
mas mais um minutinho ali, aqui e pronto! Todos vão me ver, estou apresentável
para uma rápida inspeção de rotina. Todos me viram, passei o dia à volta com
meus seres humanos e, agora, eu vou para a cama; foi um tempo bem gasto.
“Hei! Alguém viu a minha
jaqueta, que eu esqueci por sobre a mesa?”
“Jaqueta? Não reparei que usava
uma. Eu estava ao lado, ocupado em amarrar os cadarços de meu tênis, aquele com
luzes e amortecedor.”
“O que? Você comprou aquele
tênis? Puxa, eu nem vi... Mas que bom, também vou comprar um, sabia?
Bem, às vezes nem se percebe
mesmo pequenos detalhes, é um dom perdoável.
“Faça aos outros o que
quereríeis vos fizessem”...
Ah, essa é triste! Dá para crer
nessa máxima?
Se eu desejo ocupar um cargo de
promoção, como vou eu também promover outro a mesmo cargo? Eu já estou lá, eu
quis assim. Se eu quero que me dêem algumas horas de repouso, como posso eu
também permitir ao outro descansar, se alguém tem que trabalhar? Dura essa,
hein?
Pior ainda, eu desejo que me
batam, então saio por aí distribuindo porrada em todos os que me cruzem o
caminho. Tem essa sim, cada um sabe do que gosta ou deseja.
Aí está de volta o velho
antagonismo, Bem e Mal. Tem coisa pior do que parar para pensar? Eh, tempo
bastardo, sabe manipular bem. Isso é que é mestre das ilusões. Sabe, aqueles
mágicos de cartas que te põe tão atento às cenas, ao espetáculo, que te engrupe,
te leva para a conclusão mais pura de que foi real e não houve truques, não
houve jogos de mãos e olhos e um pouco de dormência na alma?
Bem, eu acredito em magia, mas
aquela que nos envolve nesse mundo, que ergue o sol (ergue?), desabrocha as flores (cada dia um botão, talvez seria o mesmo?),
faz chover para renovar a água (tomamos banho com água de 1.000.000,00 de
anos?) e, ao fim de tudo, nos dá o tempo de nascer, crescer e morrer.
Quem se lembra do dia de ontem?
Ah, é fácil, era quando eu quis tanto aquele... aquela coisa... Ah!, era algo
legal para aquele dia, mas agora já me esqueci. Hoje eu não preciso mais
daquilo. Mas foi tão bom, fiquei muito satisfeito por quase todo aquele dia...
Pena que tive que conseguir a custo de um pequeno sacrifício dos outros, foi
difícil, mas o que há, se agora esse sentimento é mais difícil de tirar, não
sei porque teima em aparecer o sentimento de culpa nas horas que mais me
incomoda, quando estou sozinho, quando vou dormir; e não volta aquela sensação
boa de quando consegui o que avidamente desejava. Agora, tenho que partir para
nova conquista, e vai ser tão compensatória quanto a outra. Minutos de prazer e
aqueles segundos eternos de um incômodo peso no estômago. Mas isso passa, deve
passar com um biscoito ou dois, talvez um anti-ácido...
Cansei, chega. Palavras demais
para verdades de menos. Ela é uma só. O bem, o Mal, o Amor, a Reciprocidade, eu
não tenho como explicar. O motivo? Você não me ouviria, somos surdos para uma
porção de coisas, aquelas que nós dizemos, por exemplo, e também aquelas que a
nós são ditas como alerta ou revelação.
Quem gosta de ser execrado? Não
sabe o que é isso? É, talvez porque não exista tal palavra. Não digo na
expressão lingüística, mas no sentido em si.
Quem te ama? Poucos, não é? Você
sabe, aqueles que não te desejam bom dia, mas te proporcionam uma boa
existência. Aqueles que não te elogiam, mas te fazem sempre ser melhor. Aqueles
que, à noite, te dispensam um minuto de paz e descanso. Aqueles que discutem
porque te ouviram e te compreenderam. Às vezes os erros, às vezes os acertos.
Aqueles que, segundo o que ouvi, te permitiram dar o amor em troca de nada, te
permitiram entrar e ficar... é raro isso, não é? Fala sério.
Bem, esses não têm nome, são
sentimentos e, conhecendo a ti como tu mesmo, não há como execrar, seria
suicídio, visto que são partes de um todo, não adianta falar que não. Mas veja
bem, ouviu o que eu disse, não é? São poucos, às vezes nem existam ainda em tua
vida, mas quando estiverem à sua frente, você vai saber. Não é homem, mulher,
nada disso, amor eterno. É fraterno, é respeito; não é chavão de Internet ou
palavras baratas. É importante, o que de mais o tempo não pode domar. A união e
o respeito. Por esses, você aprende que era melhor do que supunha (não se
sacrifica para mudar) um desejo natural
de não magoar, já que no outro supõe-se mesmo desejo de sentir.
Isso pode levar anos, talvez
nunca ocorra, mas o tempo perdido com enganos e sentimentos errados é o que
aniquila as chances.
O tempo... Ah, ele engrupe sim,
é horrível. Te faz sentir perdedor, sempre se perde algo de um dia para o
outro. Puxa, que existência importante. Não devemos perder nada, senão... O
tempo exige sermos fluentes, sermos correntes.
O Bem e o Mal permanecem o “Bom”
e o “Mau”, nunca haverá tempo para os descobrir estado de espírito; o momento
que se atravessa deixando nas pessoas, objetos inanimados, atos ou conceitos, o
sabor de amargo ou doces lembranças. O individual por sobre o conceito, o valor
por sobre o já mastigado peso.
O amor... sem tempo para
ponderar, vai passar batido assim como tantos outros compromissos.
O que me leva a escrever tanto e
tamanhas tolices? Bem... ou mal ;o)) Eu acredito que ninguém ao menos terá
tempo para ler e, acaso tenha, Ih!... Mais tempo para compreender...
Não, a ilusão do mágico leva só
uns 5 minutos, é melhor ater-se a ela, é realmente rápida... Mas passa, sabe,
como os anos. O palco foi fechado, as cartas foram levadas e, na platéia, um
indivíduo só continua sentado, aplaudindo o ato e ainda especulando como tudo
há acontecido tão mágico, diante de seus olhos tão aguçados e como fará para,
já à noite e só, encontrar o caminho e voltar para casa. Você nem viu o tempo
passar, parecia eterno...
Esse tempo é um caso sério
mesmo. Se ao menos o tempo desse um tempo...
Patricky
Field
23
de Dezembro de 2001