sábado, 26 de janeiro de 2013

Não sejais vento...

“(...) Richard sabia que esse momento surgiria mais cedo ou mais tarde. E ele não estava disposto a fugir. Aquele homem o odiava, e agora ainda mais. Todo amor que Richard sentia pelo mar era visto com desprezo cada vez maior por aquele homem.
___ Jamais temi o mar, ele apenas cumpre sua missão com sabedoria, mas se por vezes torna-se violento, a culpa é do vento... não dele.
A voz de Richard era velada, quase triste, ele mais que ninguém sabia o quão inútil era tentar travar qualquer diálogo com aquele homem.
Mas era necessário, sempre há o momento para um acerto de contas, e deve-se ter força e coragem para enfrentá-lo.
___ Bobagens..., sempre falando...”bobagens” – ele falou por fim entre dentes. Havia bebido muito, percebia-se pelo cheiro forte que o cercava como uma aura ruim. A gravata desfeita no colarinho aberto. Todo ele se mostrava de um modo vulgar, como Richard jamais vira antes.
O que é que você sabe, afinal das contas?
___ Talvez nada... – Richard tentava se afastar dele, mas ele andava cambaleando em sua direção, sem desistir – A vida, como o mar não oferece perigo algum, mas pessoas insistem em ser vento, e fazem tempestades, modificando a natureza primeira da vida... que como a do mar não é de perigo.(...)”

O Homem da Costa Norte, por Anne Russel, pg. 905


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