sexta-feira, 5 de julho de 2013

Beira do caminho

 

 

 Sentei-me à beira do caminho,
Olhei nas direções Norte e Sul,
Senti o quanto havia caminhado,
Não sabia de onde havia vindo ou por onde
Conduzir meus passos de agora e de então.


 Sim, os de ontem ainda estão vivos,
Os passos ativos me conduzem em direções erradas,
Se só no pensamento penso em seguir à frente,
No coração sinto como se voltasse ou estagnasse,
E nada daquilo tudo o que vivi realmente em mim ficasse.


 Acabo de ver meus sonhos correndo porta afora,
Andando como se nada os pudesse deter,
Como se a mim não pertencessem,
Talvez não pertençam realmente...
Mas se parecem tanto comigo...


 Sou seu deus, são meus demônios,
Afogados num mar de risos contemporâneos
Envoltos numa bruma fria de “depois”, “agora não”,
Sempre “depois”, sempre “perdão”,
“Como vai” apenas, e mais um, mais um sonho que parte sem dizer razão.


 E na música a escala, como na oração,
Mi, dó, ré, e quantas mais,
Ut queant laxis, Ressonare Fibris, Mira gestoru,Para que possam ressoar as maravilhas!
Numa escala próxima à divina,
Criando verdades parecidas com aquelas de nossa primeira vida.


 Não me permita estagnar,
Se não puder correr como o rio
Que seja então uma onda daquele imenso mar,
De soltas notas de desejos primeiros,
De quando na estrada nos pusemos a caminhar.


 Hoje vi meus sonhos caminhando para longe
Percebi que são só sonhos, nem os chamei de volta,
Pus um pé na realidade, outro também, deixei pegadas,
Talvez recobre um pouco da magia se ouvir o som das notas,
Do caminho por aonde vim, da orquestra de minhas botas.

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