sábado, 20 de julho de 2013

De que cor?



Qual a cor da solidão?



Atreva-se a perguntar e será preenchido de cores tais,



Que os contornos de teu rosto se perderão entre as matizes mais intensas,



Em aquarelas de lágrimas e risos, um vórtice sem fim,



Conquanto a solidão é loucura,



E a recusamos a ver, como fazemos com a segunda,



Sendo a primeira em cores gritantes e coloridas,



Não o suficiente para que a avistemos, não o suficiente para que nos salvemos...



Dela.



 



Salvar-me, então, das muitas águas,



Pois há somente uma que é imutável,



E fresca mesmo sob o inclemente sol do deserto,



A solidão do deserto é menos cruel do que o calor



Dos rostos que nos olham e miram,



Na mira diária de uma centena de olhares,



Estamos sozinhos, na mais completa solidão.



 



Coloridos, da cabeça aos pés,



Do quadro que nos pintaram, da festa que nos expulsaram,



Não almejo suas vidas, nunca antes fiz,



E então talvez seja eu uma peça isolada,



Fria como a cor da alvorada, que deixa tudo prata antes de incandescer,



Preta, branca, peça de museu, inigualável,



Hoje tenho plena consciência de que nunca chegarei além



Dos portões que separam a solidão das companhias.



 



Sinto a solidão, fecho os olhos,



Suas cores são demais, abro-os novamente,



Não há como ver o mundo em preto e branco, na transparência que ele merecia,



Sinto, muito, como não sentir...



Sinto muito.


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